domingo, 16 de agosto de 2009

Cafeína no site O Livreiro.

"Disneylândia dos desgraçados".
por Ricardo Cury

Ouvi pela primeira vez o nome de Victor Mascarenhas quando ele dirigiu um clipe da brincando de deus, banda da qual fiz parte. Depois, por coincidência, fui trabalhar na agência de propaganda que ele era o diretor. Ficávamos na mesma sala, criando textos para vender jornal e celular. Porém, Victor também escrevia outras coisas e essas coisas viraram um livro chamado "Cafeína", obra que reúne 12 contos de Victor, todos tendo Salvador e seus habitantes anônimos como cenário. Essa obra foi publicada pelo Prêmio Braskem de Literatura. Agora Victor quer subir mais um degrau nessa caminhada e prepara o seu primeiro romance. Sobre isso conversei com ele:

Por que um romance? Tem algo a ver com o desafio? "Já fiz o de contos, agora vou pro estágio seguinte”?
Foram vários fatores. O primeiro deles é que as histórias em que estou trabalhando e que pretendo trabalhar impuseram a necessidade de uma narrativa maior e por isso estou tentando me aventurar pelo romance. Mas é claro que pensei no desafio também e pensei também no mercado, ouvindo conselhos de escritores mais experientes que dizem que as editoras têm mais interesse por romances. Mas na verdade a grande coisa que me move é contar as histórias e correr riscos. Literatura não pode ser zona de conforto.

Quem na literatura tem lhe agradado ultimamente?
Eu estou sempre lendo, misturo livros antigos, lançamentos, clássicos... Nos últimos meses li Philip Roth (Fantasma sai de cena), Rubem Fonseca (Primeiros contos), Adelice Souza (Para uma certa Nina), Fausto Fawcett (Santa Clara Poltergeist), Tom Wolfe (Emboscada no Forte Bragg) e agora estou intercalando Hemingway (O velho e o mar) com Kurt Voneggut (Café da manhã dos campeões)

E esse de Fausto Fawcett é o quê?
É um livro antigo dele, o único que não tinha lido. Achei num sebo em SP. É a historia de Verinha Blumenau, que tem um acidente radioativo e vira Santa Clara Poltergeist, que cura doenças trepando com os doentes.

Você tem uma relação com Fausto, né? Como o conheceu e como ele te influenciou (Fausto Fawcett escreveu o prefácio de "Cafeína")?
Eu conheci Fausto Fawcett como todo mundo, via Kátia Flavia. Aquela letra falada, delirante e o estilo dele me fascinaram desde o inicio. Aí veio o disco e livro Básico Instinto, que tem um conceito que é muito próximo da forma que vejo o mundo também. Ele diz mais ou menos o seguinte, que todo mundo tem um lado escuro que é libertado por básicos instintos... Meu livro é isso, todo meu trabalho na literatura fala disso. E isso não é novidade nenhuma, muitos falam sobre isso, como Nelson Rodrigues que é minha maior referência. Aí rolou a idéia de chamá-lo pra fazer meu prefácio. Ele leu o livro, gostou e fez um texto extremamente generoso... E ele é pouco conhecido como escritor, o que é imperdoável, já que seus livros são geniais e únicos na literatura brasileira.


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